Trump towers na Francisco Bicalho
Leio hoje no jornal O Globo que o grupo Trump planeja construir cinco espigões na avenida Francisco Bicalho. O projeto, segundo a reportagem do jornal, divide especialistas. Enquanto alguns, como o arquiteto Augusto Ivan, participante dos primeiros estudos para a revitalização do porto, afirmam que não há marcos arquitetônicos que possam sofrer interferência por parte dos planejados espigões, os Instituto dos Arquitetos do Brasil, na pessoa do arquiteto Carlos Fernando de Andrade, avalia que o problema não estaria na altura das torres, mas na ocupação de tão grande área (322 mil metros quadrados, dez vezes mais do que a área do terreno) que acarretaria problemas associados ao adensamento.Não sou arquiteto, mas um cidadão carioca certo de que tem sido perpetradas diversas intervenções arquitetônicas na cidade que são verdadeiras agressões. Basta lembrar uma das mais recentes, o plano de construção de um resort na área de proteção ambiental na Barra da Tijuca, com o beneplácito do alcaide. Estou certo de que o Rio precisa de mais áreas verdes, parques e jardins.
A região da Francisco Bicalho, completamente depredada e abandonada merece, certamente, mais um parque no sentido de amenizar o calor sufocante da região. Discordo do sr. Augusto Ivan quanto aos marcos arquitetônicos. A velha estação da Leopoldina é certamente um destes marcos. As planejadas torres agridem e desfiguram a perspectiva de quem olha do porto, quebrarão a visão do maciço da Tijuca, interpõem ao olhar mostrengos de vidro e concreto inadequados para o clima da cidade. Não sei dos detalhes do projeto, mas fala-se de "brise soleils" para atenuar os efeitos da radiação solar. Vale lembrar que a localização dos mostrengos fica no sentido norte-sul, portanto a incidência dos raios solares ocorrerá nas laterais das torres durante todo o dia. Além dos aparadores solares, o que será feito? Construção de um sistema de refrigeração central, por conseguinte mais gasto de energia?
O Rio precisa de mais espaços de convivência e encontros, mais áreas verdes. As curvas das montanhas da cidade, fonte confessa de inspiração do grande Niemeyer, não merecem mais espigões, mas monumentos à beleza e diversidade da sua natureza.
Ocupemos a Francisco Bicalho com canteiros, árvores frutíferas e com a irresistível vocação do carioca para ser feliz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário