quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Estaríamos à beira do crash?

Uma das estranhas características das análises e do noticiário sobre a turbulência que a economia americana está passando é que os fenômenos são apresentados como se tivessem realidade física, ou mais precisamente, acompanhando o raciocínio de Mésáros, como se tivessem objetividade absoluta. Assim, as bolsas, o "mercado" surgem para estes analistas como coisas que, tendo uma dinâmica própria, se opusessem aos indivíduos, ameaçando-os.
Não seria este raciocínio, contudo, o fruto de uma visão fetichizada, já apontada por Marx? Os mecanismos de mercado que operam de modo "descontrolado" nas economias capitalistas não indicam, precisamente, a natureza das relações sociais neste estágio do capitalismo? Não deveríamos pensar as crises financeiras como um mecanismo de superprodução da mercadoria dinheiro? Se isto for verdade, então, poderíamos explicar - a crise da liquidez como o reflexo do fato de que a mercadoria dinheiro foi gerada sem a contrapartida produtiva. As bolsas transformaram-se em um gigantesco cassino. A bolha, na imagem preferida de muitos articulistas, desprendeu-se da sua base concreta e, carente de substância, pois que se tratava apenas de um fetiche, de um símbolo, explodiu.